Bom dia! Aqui fala Luiza Caires. Nesta newsletter, novas descobertas sobre o conteúdo da tumba de um casal do Antigo Egito. Quanto aos arqueólogos do futuro, uma coisa é certa: eles encontrarão plástico. Ainda, os caminhos para envolver a população com deficiência visual na tecnologia. Já o 1º de Abril da ciência veio com algumas mentiras divertidas e outras trágicas. O convidado da vez é o pesquisador Helder Nakaya. E temos um desconto especial para os assinantes no site da Kuba, fabricante brasileira de fones de ouvido. Este é o Polígono de hoje, 05/04/22.

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NOTAS RÁPIDAS

A Caverna
Um curso de pós, uma calçada, um escritório… Tudo o que for criado sem a deficiência em mente excluirá as pessoas com deficiência já no projeto. Na década de 1980, na Califórnia, um centro de estudos para cegos conhecido como “The Cave” (a Caverna) reuniu uma geração de futuros líderes inovadores com esta consciência, e que hoje “estão remodelando o mundo”, conta Isabella Cueto no Stat. Ali, pessoas como Joshua Miele aprenderam que poderiam projetar um mundo para si mesmos. Ele ficou cego ao ter ácido derramado no rosto na infância, mas nunca deixou aquele dia defini-lo, criando tecnologias acessíveis que revolucionaram o campo, como os mapas táteis.

Inclusão climática
O problema apontado pelos cientistas da Caverna têm implicações novas. Qual o plano para as pessoas com deficiência visual escaparem das situações de emergência que têm acompanhado as mudanças climáticas, por exemplo? Se elas não forem ouvidas nos programas de redução de risco, como discute este estudo brasileiro, a resposta seguirá sendo: não existe um plano.

Cheiro de tumba
Ânforas com comida estavam entre os itens encontrados na tumba de um rico casal do Antigo Egito. Mais de 3.400 anos depois, poucos apostavam que seria possível saber o conteúdo desses vasos. Mas os cientistas suspeitaram que ainda haveria algum “cheirinho” ali, e os submeteram a um espectrômetro de massas, que permite medir a massa e caracterizar a estrutura de moléculas, identificando-as. Cera de abelha, frutas e peixe seco possivelmente faziam parte do conteúdo, de acordo com as moléculas voláteis encontradas.

Kha e Merit
A metodologia aplicada e o espectrômetro portátil evitaram danos aos objetos. Agora, um projeto de reanálise do conteúdo da tumba investigará os costumes funerários fora da família dos faraós. Encontrada em 1906, a tumba pertencia ao mestre de obras Kha e sua esposa, Merit, e reunia uma coleção completa: mobília, máscaras funerárias, peruca e pente, papiro do livro dos mortos, pilhas de pães. Os objetos estão no Museu Egípcio de Turim.

Tá no sangue
O plástico virou um dos materiais mais invasivos no planeta. Todo dia aparece uma pesquisa mostrando mais um inusitado local onde ele foi encontrado. Outro dia foi na corrente sanguínea humana, e as consequências ainda precisam ser investigadas. Esse fio da Adriana Lippi traz mais alguns exemplos de onde o material já foi detectado: de microplástico no cume do Everest a uma sacolinha inteira nas Fossas Marianas.

Um só coração
A próxima Copa já tem chaves, mascote e começa a acelerar os corações dos fãs. Mas nada como uma partida assistida no local, seja futebol estadual ou basquete universitário, para colocar a torcida em sintonia. Pesquisadores descobriram que torcedores nas arquibancadas tinham a frequência cardíaca mais sincronizada do que aqueles que assistiam juntos, mas pela tela. “Estar em uma multidão une as pessoas por meio de sincronia fisiológica” é o título do artigo.

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A vez dos insetos
Cheio de imagens e respostas às suas dúvidas mais cruéis sobre insetos, o post no site traz uma pequena amostra de por que não deveríamos subestimar estes animais.

VOCÊ VIU?

1º de abril da ciência
O dia da mentira já passou, mas vale dar uma olhada nesses mitos, pegadinhas e fraudes ligadas à ciência.

  • No início do século 20, dizia-se viver na Amazônia uma população de primatas com cerca de 1.60m  de altura e semelhanças com hominídeos. Só que eles nunca existiram.
  • Astrônomos encontraram traços de café no espaço e escreveram um artigo sobre a descoberta. A Roberta Duarte contou essa e outras gracinhas que os colegas dela já fizeram no dia da mentira.
  • Sempre ouvimos que os gases nobres são inertes, não se misturam. Mas a verdade é que em algumas condições eles botam um cropped e reagem sim.
  • Um cientista descobriu um novo método e até batizou a fórmula com o próprio nome. Pena que o método já havia sido descrito pela ciência moderna há pelo menos 300 anos. Foi por engano ou ele achou que ninguém ia notar?
  • Toda semana sai a notícia de um asteroide passando próximo à Terra, com risco de colisão. Taí mentira que astrônomo nenhum aguenta mais.
  • O Brasil foi um exemplo para o mundo na condução da pandemia, como todos sabemos. Exemplo do que não fazer. O Atila fez uma (imensa) lista das farsas que nos colocaram nessa posição.
  • Mentir também é o que alguns líderes vêm fazendo, segundo o secretário geral da ONU, firme ao comentar as promessas quebradas demonstradas no último relatório sobre mudanças climáticas.

NOTA DO CONVIDADO

Salve seus dados dentro de bactérias
Helder Nakaya é imunologista, bioinformata e pesquisador sênior do Hospital Israelita Albert Einstein

Junte todos os vídeos, fotos e músicas que estão salvos no seu celular, no seu computador ou nas suas contas de redes sociais (e salvas em servidores do Google ou Facebook). Some aos filmes e séries que assistiu, os áudios de WhatsApp trocados e tudo o que você consome na internet. Você tem ideia de quantos terabytes de dados você movimenta na sua vida? Uma simples ida ao parque pode facilmente virar 10GB de dados com vídeos do seu cachorro correndo no gramado. Agora multiple isso por bilhões de pessoas e vai entender que em breve chegaremos num momento em que a quantidade de informação gerada não poderá ser mais salva em fitas ou discos magnéticos comuns.

Adivinhe qual molécula é capaz de armazenar muita informação, é resistente, é fácil de ser copiada e é muito durável? O DNA! Sim, aquele monte de “letrinhas” (A, T, C, G) pode ser agora usado para armazenar informação digital (que nada mais são que sequências de 0s e 1s). Este processo é chamado de DNA storage ou armazenamento em DNA.

Pesquisadores já transformaram dados digitais como um vídeo ou todos os sonetos de Shakespeare em sequências de DNA, que foram depois sintetizadas e incorporadas no genoma de bactérias ou enviadas para outro lugar. Quando o DNA é sequenciado, as letrinhas A, T, C e G podem ser decodificadas de volta no dado digital.

Ainda há vários desafios para serem resolvidos, como a síntese de longas sequências de DNA, como garantir a fidelidade dos dados ou como acessar informações específicas (da mesma forma quando você procura por uma foto num álbum digital). Mas, daqui a alguns anos, talvez você possa guardar os vídeos do seu cachorrinho dentro do freezer de sua casa num tubinho cheio de bactérias.

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Essa newsletter tem curadoria de Luiza Caires, desenvolvimento de Renata Hirota, design de Rodolfo Almeida, edição de Alexandre Orrico, Samira Menezes e Sérgio Spagnuolo e apoio do Instituto Serrapilheira. Saiba mais.

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